Um Mistério que Sustenta o MundoAo entrar em uma igreja durante a Santa Missa, é possível que alguém, sem muito conhecimento, veja apenas um ritual: gestos, palavras repetidas, cantos, incenso, silêncio. Mas o que ali acontece não é teatro, nem tradição vazia — é o centro do universo espiritual, o coração palpitante da Igreja e o maior tesouro que existe sobre a Terra.A Santa Missa não é uma reunião, nem um momento devocional qualquer. É o Sacrifício de Cristo tornado presente, misticamente, mas verdadeiramente. Aquilo que aconteceu uma única vez na história — o Calvário — se atualiza sacramentalmente a cada Missa, em cada altar, desde os tempos apostólicos até hoje. O mesmo Corpo entregue, o mesmo Sangue derramado. O mesmo Amor.
Para entender a Missa, é preciso tirar da mente qualquer ideia de espetáculo ou de “evento comunitário”. A Missa é, antes de tudo, sacrifício. Um sacrifício real, que se oferece a Deus em expiação pelos pecados da humanidade.Na Cruz, Cristo se entregou livremente ao Pai como oferta perfeita: Ele, o Cordeiro sem mancha. E essa entrega, feita uma vez por todas na história, continua a se tornar presente sacramentalmente em cada Eucaristia. O altar é o Calvário. O sacerdote age in persona Christi — isto é, na pessoa de Cristo. Ele empresta a sua voz, suas mãos e seu ser, para que o próprio Senhor realize novamente, de forma incruenta (sem novo derramamento de sangue), o seu sacrifício redentor.A Missa é o ato mais sério, mais elevado e mais eficaz que a humanidade pode oferecer a Deus. Nela, não somos apenas espectadores: somos convidados a unir nossas vidas, dores, alegrias e ofertas ao sacrifício do Filho, por meio da oração do sacerdote.
No centro da Missa está a Eucaristia, que não é símbolo, metáfora ou lembrança. É o próprio Jesus Cristo — corpo, sangue, alma e divindade — presente sob as espécies do pão e do vinho. O mesmo que nasceu da Virgem Maria, caminhou entre nós, morreu na cruz e ressuscitou, é Aquele que se esconde sob a forma de alimento humilde.Este é o maior milagre e também a maior delicadeza do Coração de Deus: Ele quis permanecer conosco, em cada tabernáculo, em cada hóstia consagrada. E o momento em que esse mistério acontece é justamente durante a Missa, na oração da consagração, quando o sacerdote diz: “Isto é o meu Corpo… Este é o cálice do meu Sangue…” — palavras que ecoam as de Cristo na Última Ceia.Crer nisso exige fé, mas uma fé enraizada na promessa do próprio Senhor: “Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna.” (Jo 6, 54)
Mas a Missa não é apenas sacrifício. Ela é também banquete — a ceia do Cordeiro. Não um jantar humano, mas uma participação no Banquete eterno do Céu, antecipado aqui na Terra. Na Missa, Deus se dá em alimento. Ele não apenas nos redime com seu sangue — Ele nos nutre com a própria vida.Receber a Eucaristia em estado de graça é unir-se a Cristo de modo profundo, íntimo e transformador. É um momento de reverência, silêncio e adoração. Por isso, a comunhão não pode ser banalizada. Não é gesto social, nem hábito automático. É encontro real com o Deus vivo. Cada comunhão deve ser precedida por exame de consciência e, se necessário, pela confissão sacramental.